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Foto do escritorFabio Sonza

Mas afinal, quem é esse tal de Narciso?

Existem algumas versões de narrações que nos falam de Narciso, um ser mitológico, imaginário, mas que nem por isso, deixa de habitar um pouco (às vezes muito) em todos nós.

Mesmo havendo diversas versões sobre esse mito, uma coisa é comum a todas elas: Narciso era um jovem muito famoso pela beleza física e por sua vaidade e orgulho. 

A mais conhecida das versões, resumidamente, narra que Narciso não deveria nunca olhar seu reflexo. No entanto, certo dia, Narciso estava andando junto a uma fonte chamada Narkissos e acabou olhando seu reflexo na água e se apaixonando por si mesmo, de tão belo que era. Foi incapaz de desviar seu olhar de seu reflexo e, por fim, morreu junto à fonte.

O termo "narcisismo", ou mesmo "Narciso", deriva da palavra grega narke ("entorpecido", “narcótico”), que simboliza a vaidade e a insensibilidade. Ou seja, estamos falando de um "entorpecimento emocional", em que a personagem principal sofre falta de ligação com os demais, mas dá toda a importância a si mesmo.

No mito, há uma profecia feita por Tirésias em que Narciso viverá muito sem jamais se conhecer e que morrerá se vier a se olhar (o que de fato aconteceu). Dessa profecia podemos inferir sobre “os riscos” do autoconhecimento, que podem levar à “morte” do nosso ego (para que seja feito o remodelamento do mesmo).

Entendido isso, qual a visão do narcisismo pela psicanálise. Como o assunto é enxergado e tratado dentro da psicanálise? Quais os diferentes tipos de narcisismo e a diferença entre eles? O que são as feridas narcísicas e o que elas têm a ver com o narcisismo? Na prática, como isso impacta nossas relações e vida?

Nas próximas postagens abordarei as questões acima.  

Foto do escritorFabio Sonza

O termo “Narcisismo” pode mudar de significado conforme a abordagem e de acordo com o contexto cultural ou da disciplina que o aborda. Embora o tema atualmente seja tratado com importância, nota-se também que era abordado antes mesmo da sociologia moderna torná-lo um tema dentro de seu foco. A psicanálise, especialmente com artigos escritos por seu fundador, Freud, e posteriormente com diversos psicanalistas da linha Freudiana e de outras linhas de pensamento, traz o tema quanto à origem do narcisismo a partir da estruturação do aparelho psíquico, abordando a formação do narcisismo primário, secundário, e do aparecimento de sintomas, o que poderia ser tratado como narcisismo patológico. Nesse ponto, há também novas abordagens sobre a clínica no narcisismo, considerando que talvez seja necessário o analista desenvolver mais que a escuta flutuante, trabalhando também sua “capacidade simbolizante”.

Respondendo à pergunta inicial, temos sim, algo de Narciso em nós. Para tanto é necessário entender um pouco do mito, das origens do eu, e daquilo que fazemos com o nosso ego.

Na próxima postagem discorrerei um pouco sobre o mito de Narciso, e nas demais trarei um pouco à luz como os aspectos narcisistas vêm a fazer parte de nós quando ainda bebês, e se enraizam em nós durante nosso crescimento e fase adulta (muitas vezes mais do que o desejado) e suas implicações práticas.



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